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sábado, 27 de agosto de 2016

JEFF BUCKLEY, A HISTÓRIA QUE ME EMOCIONOU

fonte da foto:http://www.npr.org/2016/01/13/462813257/songs-we-love-jeff-buckley-just-like-a-woman


Foi buscando a trilha sonora de "House", a meu ver uma série ainda na moda, um dos melhores textos e personagens, que me deparei com a música Hallelujah, de Leonard Cohen, na voz do lendário Jeff Buckley.

Até então eu não sabia quem era Jeff. E menos ainda que estava morto há anos. Tenho aptidão para descobrir falecidos, como se sentisse o cheiro de flores de velório suspenso no tempo. E quase sempre encontro histórias marcantes. Mas é como chegar por último numa corrida. É descortinar um tempo que já não existe. Muitas vezes também é refazer uma época em que eu estive lá; no entanto, não soube, não ouvi, não desfrutei.

Tudo por causa de uma música cujas variadas versões têm sido usadas em filmes, séries, formaturas etc. Quem canta essa versão de "House"? Jeff Buckley. Quem é? Foi. Morreu em 1997, aos trinta anos, afogado no rio Wolf, afluente do rio Mississipi. Filho de Tim Buckley, músico dos anos 60, que abandonou a mãe de Jeff ainda grávida dele. Encontrou o pai somente uma vez, quando tinha oito anos, alguns meses antes de Tim morrer por overdose de heroína. De tudo o que se vê ou lê na internet sobre Jeff, as informações parecem réplicas uma da outra. Porém, a maioria ressalta o seu talento vocal, herança direta do pai, cujas comparações ele próprio temeu, querendo, a princípio, ser somente instrumentista.

A interpretação ao mesmo tempo intensa e intimista de Jeff Buckley de Hallelujah deve ter causado uma busca em muitas pessoas assim como causou a mim. Afinal, quem é, ou foi, a pessoa que me conduz às entranhas de uma contemplação única? Como era fisicamente esse cantor? Como pensava, como falava? Quem foi esse garoto que, abandonado pelo pai, segue passos também musicais e consegue ser único a partir desse pai?

Como ele próprio parece ter declarado, que as pessoas que o viam em seus shows não o conheciam de verdade, a verdade de um artista aparece a todo tempo: fragmentada, como em flashes de fogos ou estrelas, e é impossível ficar indiferente a ela. Não sendo a única faceta de um ser mortal, sujeito a desaparecer nas águas de um rio, ainda assim seu legado continua a ecoar. Ele acolheu e continuará acolhendo admiradores. Jeff em Hallelujah é só a ponta de um iceberg com relação ao que o jovem produziu com sua voz singular.

Não sei o que eu fazia em 1997, com o que andava distraído, mas se soubesse da existência de Jeff Buckley, talvez padecesse da mesma pena de hoje: a de que ele partiu muito cedo.

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