Dizer bom dia para alguém e não
receber resposta é uma merda. Literalmente me estraga o dia. Então entra aquela
história de psicologia, de tentar entender o outro, e no final a gente liga o
“foda-se” e na próxima vez já nem olha na cara da pessoa. Simples assim.
Por outro lado, existe um quê
sacerdotal num bom dia sincero. É algo que começa dando cores ao dia. Tem um
rapaz por quem passo quase toda manhã, chegando ao serviço, que sempre me dá bom
dia. Não bastasse isso ele também me deseja um bom trabalho. É interessante
perceber como ele quase interrompe a sua varrição de calçada para o cumprimento.
Demonstra uma atenção que poucas vezes, de poucas pessoas, vi na vida. Esta
semana perguntei-lhe o nome -Felipe- porque desejei tratá-lo com mais
consideração. Então, à sombra das árvores de nossa rua, reparei num tanto de
folhas que ele já havia amontoado. Ordem e harmonia. As folhas juntadas por
partes potencializam o resultado da vassoura. Assim como a quase imperceptível
paradinha para o cumprimento demonstra a importância que a pessoa dele dá às
pessoas.
Pode-se até dizer que um bom dia
não é algo emergencial. No entanto, é fundamental. Bom dia é para agora. Nem
para ontem, nem para amanhã. E nada do que qualquer um faça de bom para o outro
poderá substituir o bom dia. Um bom dia é bom porque sempre começa. De minha
parte, para o Felipe, cuja postura torna o meu desconfiado mundo mais humano,
desejo, além de um bom dia e um bom trabalho, uma boa e feliz vida.