Uma nota discreta ontem à noite
na internet chamou minha atenção. Anunciava a morte de um escritor de 29 anos,
vencedor do prêmio Jabuti. Sem maiores informações, apenas que havia sido
encontrado morto próximo ao prédio onde morava, em Copacabana, Rio de Janeiro.
Fui dormir perplexo com a notícia
e povoado pela ausência de detalhes ou explicações. Tanto que sonhei, como se
estivesse dentro de um filme, com uma cortina de segredos e ocultações em torno
da notícia. Algo que minha mente precisava justificar: a morte de alguém
produtivo, culturalmente produtivo, e tão novo. Uma pena. Não era somente um
ser, mas uma voz que se calava.
Toda a discrição do mundo para a
família dele, para os amigos, que, afinal, é um direito. No entanto, eu, como
público, com a minha tola curiosidade, quero preencher uma lacuna. Não desejo que
se dê para esta morte a visibilidade que se dá aos famosos ou aos feridos por
bala perdida. Porém, gostaria que o episódio não figurasse numa usual indiferença.
Afinal, trata-se de uma figura pública, um escritor, benfeitor, alguém que fez,
de forma artística e organizada, dividir sentimentos e mundos. Um mundo, no
momento, como as próprias palavras, de pesar e mistério.