SANDRA BRÉA, APESAR DE TODO O SEU CURRÍCULO, NÃO FOI UNANIMIDADE. FALO ISSO PELA ÓTICA DO PRECONCEITO QUE PERMEAVA OS ANOS DE 1970 E A MINHA INFÂNCIA ADOLESCENTE. PRECONCEITO RELACIONADO AO FATO DELA SE EXPOR BASTANTE COMO ARTISTA.
SOMOS UM POUCO DAQUILO QUE OUVIMOS, ASSISTIMOS, LEMOS. E PARA UM RECÉM-ADOLESCENTE, AINDA SEM FORMAÇÃO DE IDEIAS, FICAM O ENCANTAMENTO E O PECADO MISTURADOS. SANDRA BRÉA ERA UMA MULHER PROIBIDA, AQUELA QUE NA TV FAZIA PAPÉIS NORMAIS E NO CINEMAS E NAS REVISTAS APARECIA PELADA E TRANSGRESSORA. FOI A RESPONSÁVEL POR EU ASSISTIR AO MEU PRIMEIRO FILME PORNÔ NÃO EXPLÍCITO AOS 14 ANOS; A RESPONSÁVEL POR EU 'CABULAR' AULA À TARDE, NO MEIO DA SEMANA, PARA ENTRAR ILEGAL NUM CINEMA COM A CONIVÊNCIA DO CAIXA E DO PORTEIRO.
CONTUDO, NUMA ERA PRÉ-SILICONE, POR MAIS LASCIVOS QUE PUDESSEM SER SEUS FILMES OU FOTOS, SANDRA BRÉA ESBANJAVA NATURALIDADE: ALTA, MAGRA, SEIOS PEQUENOS, VOZ FIRME. JÁ TINHA SIDO GORDA. E SEU SORRISO, ENTÃO, ESSA TALVEZ UMA MARCA QUE PODERIA INDUZIR A UMA OBSESSÃO. FOI REVENDO O VÍDEO ACIMA QUE ESTIVE ÀS VOLTAS COM ALGO QUE EM ALGUMAS PESSOAS PARECE INDESTRUTÍVEL. AQUELES DENTES DE SANDRA BRÉA À MOSTRA, DENTES JUVENIS, SEU INCISIVO LATERAL DIREITO LIGEIRAMENTE APONTADO PARA FORA, EM CONJUNTO COM O ROSTO, SEUS OLHOS MEIO ESTRÁBICOS, SEM DÚVIDA É A LEMBRANÇA ETERNA QUE SE PODE TER DELA.
NO CONTO 'BERENICE', DE EDGAR ALAN POE, A OBSESSÃO DO PROTAGONISTA PELO SORRISO DE SUA PRIMA NOIVA, RECÉM-FALECIDA, O LEVA A EXTREMOS. POIS UM SORRISO NÃO SE SUSTENTA SOZINHO, É CONDIÇÃO DE UM ESTADO DA ALMA.
E POR UMA CONDIÇÃO DE EXTREMA JUVENTUDE, NOS IDOS DE 1970 SÓ FOI POSSÍVEL EU VER A SANDRA LÁ NO ALTO. MAIS TARDE QUE A ENTENDI COMO UMA BOA ATRIZ, VERSÁTIL EM PERSONAGENS E EM FIGURINOS, NOS QUAIS SEMPRE APARECIA BEM. NA VERSÃO ELA MESMA, NO ENTANTO, PARA MIM BASTOU OS CABELOS LISOS E REPARTIDOS AO MEIO, ROSTO COM OU SEM MAQUIAGEM, E DE CUJO OLHAR SEMPRE BROTAVA AQUELE SORRISO.
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