fonte da foto: https://veja.abril.com.br/brasil/maluf-se-entrega-a-policia-federal-em-sao-paulo/
A imagem do deputado Paulo Maluf,
de bengala e apoiado por agentes ao se entregar na sede da Polícia Federal,
seria apenas patética se não fosse triste. Triste porque mostra uma faceta de
um país envelhecido-assim como o senhor Paulo-e que ainda concede a corruptos,
e a outros tipos de bandidos endinheirados, o benefício da postergação. Paulo Salim
Maluf, 86 anos, com hérnia de disco, problemas cardíacos e câncer de próstata,
ainda é o protagonista de sua história, que do ponto de vista da justiça,
diga-se de passagem, pode virar apenas um mise-en-scène para plateias. Acusado
de desvio de dinheiro num mandato de mais de vinte anos, essa “condenação”
parece um trapo velho remendado que ninguém sabe quanto vai durar. Que o dinheiro,
ou parte dele, volte para os cofres públicos, fica a incerteza se não será de
novo desviado.
O Brasil da Lava-Jato nos deu um
alento, uma sensação de cidadania nunca experimentada. Mas o ranço das pequenas
corrupções-que se transformam nas grandes-da falta de educação, do coronelismo
e do trabalho escravo vigente, ainda nos encurrala. Oxalá não se precise assistir
a outras prisões tardias. E que de 2018 em diante não mais nos lembremos do
jargão “rouba, mas faz”, nem do quanto ele representou paixão política,
totalmente descabida, para alguns.