fonte da foto: http://duusouza.blogspot.com.br/2011/01/vida-repetida.html
Outro dia me perguntaram se eu
dirigia. Respondi que “nem a minha vida”. Então acharam graça. Só que a graça
durou pouco. E mais tarde percebi que havia queimado o meu filme. Era uma
conversa a dois. Não se confessa certas coisas, ainda que de brincadeira. Neste
mundo de atitudes, admitir inabilidade com a própria vida, ou indiferença, é
declarar-se um João Ninguém.
Aviso aos navegantes: sou
vacinado, financeiramente independente, bastante organizado e atento com o meu
mundo interior. Dirijo, sim, tanto quanto posso, as minhas palavras impressas.
Às vezes perco delas, às vezes me perco nelas. Não raro misturo-me à multidão a
fim de observá-la com tranquilidade. Quando quero saio às ruas com tênis furado.
Penso saber ser com outra pessoa: já entrelacei dedos, dormi abraçado, tive
noites de Natal. Também já vaguei noites, tão sozinho quanto feliz. Não dirijo
veículos, mas sei remar num caiaque, e sempre pronto para me perder no mar.
Se um dia você me vir nessa
aparência, mero vagabundo, mera coincidência, feito Gilberto Gil também tenho
família, pelas quebradas livre e largado, livre te falo: uma estrela, somente
uma, cintilasse na noite paulistana desarranjada, eu e você por aí, fazendo
tudo, fazendo nada.
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