Páginas

domingo, 4 de junho de 2017

O COMEÇO DO DIA




Eis que da janela da cozinha avisto uma gata no telhado espiando dentro. Parece fêmea. Quando me vê, fica mais interessada. Não foge, deixa que eu tire fotos e mia para mim. Bem cuidada e robusta, deve ter dono. A distância entre o telhado e a janela não me permite acariciá-la. Ela permanece ali por um tempo. Hesita na hora de ir embora, como aqueles vizinhos que ainda têm algo a dizer.


Às vezes me sinto sozinho. Mas, afinal, quem é que nunca se sente? Porém, como a própria gata vizinha demonstra, é só um começo de dia. Importa quais janelas e portas deixar abertas para que a vida de um sábado flua sem solidão.

sábado, 3 de junho de 2017

PICHADOR MORRE EM SÃO PAULO


fonte da foto: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/pichador-morre-ao-cair-de-predio-e-atingir-fiacao-em-sao-paulo.ghtml

Pichador de 34 anos, que estava com outros três, morre ao cair de um prédio em São Paulo no momento da pichação. Fazia aniversário no próprio dia da morte, 28/05/2017.

Não se trata de julgar, mas sim de se entristecer. Quantas pessoas próximas dele não sofrem agora com sua partida? A gente imagina fases para muitas coisas nesta vida. Eu, na minha ignorância, penso que um pichador pode mudar para grafiteiro. E daí passar a embelezar a cidade.

No entanto, outros três na mesma atividade, além de perderem o amigo, ainda são detidos, responderão a processo, tudo por causa de uma suposta “assinatura” em edifícios da cidade. O morto, triste ironia, triste gosto, morreu fazendo o que gostava.

CONVERSA COM BIAL

fonte das fotos:
http://www.stroudnewsandjournal.co.uk/news/14642149.Hassan_Akkad_returns_to_Stroud_for_Book_Festival_following_powerful_Exodus_documentary_/ e http://www.tribunadabahia.com.br/2016/08/23/internet-reclama-de-saida-de-pedro-bial-do-bbb


A capacidade de Pedro Bial de arrancar o que há de interessante nas pessoas, ou melhor, o que de verdade interessa de certas pessoas para outras, é, afinal, um de seus talentos. No programa novo “Conversa com Bial” isso fica evidente. O que se vê é um entrevistador que elabora antes o que vai perguntar, conhece detalhes da história de quem entrevista e segue, como todo profissional organizado, um roteiro. O que não significa resultar num programa chato nem quadradinho.

Sem comparar com o programa do Jô Soares, de outra natureza, Bial trouxe o entrevistado de um jeito sintético e profundo, num clima de bate papo, que me fez avançar nas madrugadas sem medo de acordar cedo no dia seguinte. Concordem ou não, Bial vinha sendo um profissional desperdiçado nas edições do Big Brother. Que bom que não mais.

Ontem, então, na entrevista com o refugiado sírio Hassan Akkad, autor de um documentário premiado, além de uma conversa no auditório com alguns sírios moradores no Brasil, Bial deixou fluir. Assunto sério, ditadura sinistra, país e pessoas devassadas, a questão do ser humano exilado foi mostrada de um jeito de fazer chorar.