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domingo, 8 de maio de 2016

COLETÂNEA DE MÃES

fonte da imagem: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=40781

Eu precisei de uma mãe que me amamentasse, que me oferecesse boa educação e me visse crescer. Precisei de uma mãe que me desse cascudo, que me dissesse “não” e me ensinasse a escrever. Eu precisei de uma mãe que me aturasse o temperamento, que me entendesse nos medos, que fosse a primeira a ouvir sobre meu primeiro emprego. Precisei de uma mãe que me esperasse em casa, que não me esperasse nem em casa, que eu tivesse que esperar. Eu precisei de uma mãe que me achasse inteligente, bonito, educado. Precisei de uma mãe que me apontasse os erros, a pressa, o equívoco. Eu precisei de uma mãe que também não me facilitasse a vida, que não chorasse por mim, que me ignorasse. Precisei de uma mãe que me enxergasse como os outros me enxergam, que me soltasse no mundo, mas que, num aspecto sutil e secreto de mãe, dependesse de mim. Eu precisei de uma mãe que gostasse do que escrevo, que soubesse por que escrevo, que fosse a primeira a ler entrelinhas.

Por minha mãe, e por todas as outras que já tive, é que escrevo. Porque um homem é somente só sem aquelas que, sendo únicas, sempre são tudo, e nos acolhem no ventre macio, a troco de tudo, a troco de nada. 

texto de 2003 revisado em 07/05/2016

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