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sábado, 6 de setembro de 2014

PENSAMENTO VIA PRÓ-PÉ




Encontro com a minha dentista doutora Eliane Sicari nos corredores da EAP (Escola de Aperfeiçoamento Profissional). Ultrapassando a sala de espera, calço o pró-pé por baixo do tênis para proteger o ambiente de contaminação externa. Acontece que, enquanto aguardo o resultado de uma radiografia, vou ao banheiro. Ao passar pela sala de espera, noto que tanto eu como os demais profissionais continuamos calçados com o mesmo pró-pé. Conclusão: qualquer resíduo -sujeira de pombo, merda esfarelada de cachorro- poderá entrar clandestinamente na sala de atendimento via pró-pé.
E viva o pró-pé. Que na real esse detalhe não me preocupa em nada. Já basta um ambiente limpo e higiênico de encher os olhos. Também pessoas lindas de encher os olhos e uma confusão mental que se instala em mim. 
Odontologia é uma prática permeada de medidas milimétricas, de mini objetos, de acuidade visual. Além de necessitar da aptidão de condescendência e empatia com o estrago em "túneis" alheios.
Já o meu pensamento relaciona coisas. Vai do belo ao escatológico em segundos. O molde colocado na minha boca, e as sobras dele que, picotadas, viram grãos, grãos espalhados em sua textura pela minha língua, e então não consigo evitar. Lembro-me imediatamente de fezes de rato.
Contudo, do lado de fora da minha boca, espalhados em seus boxes, doutora Eliane e os demais dentistas por sorte parecem ainda mais limpos.

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