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sábado, 16 de julho de 2016

INCERTEZA

fonte da imagem: http://www.filmologia.com.br/?page_id=4229

A minha vida resumiu-se a isto: medo de que batessem na porta, medo de que não batessem.

Ah, sei lá, vai que a felicidade viesse mesmo. Ou coisa pior. Mais difícil ainda é depender. O sol, com ou sem nuvens, vem todos os dias. E ainda assim a gente chora, porquanto o sofrimento é real. Ou frescura. Mas perder pessoas não dá. A droga do vício quando adoça a existência. Se não adoça, a vida corre do mesmo jeito. Quem precisa disto ou daquilo que a propaganda propaga? Preciso de saúde, de independência para carregar a própria sacola no varejão de quinta-feira. É, rua larga onde as pessoas não necessitam disputar espaço. No fim da manhã aquela claridade, de junho, que já rompeu o frio e vai esquentado as costas. Liberdade, liberdade. Que também é uma faca de um gume. A liberdade é cortante.

Podia ser que a porta abrisse, que eu não vivesse esse silêncio tão escancarado. Podia ser que entrassem fantasmas, ou somente um vento com aromas. É que o medo, o medo pelo o que viesse depois das batidas, seria o medo pelo nada além da porta. Alguém, ou alguma ideia, já andou permeando meus aposentos. E disseminou a espera. 

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