ÀS DUAS HORAS DE DOMINGO AS LUZES NO TERMINAL RODOVIÁRIO DO TIETÊ ESTAVAM SEMIACESAS. NÃO HAVIA FUNCIONAMENTO NAQUELE HORÁRIO, A NÃO SER O DESEMBARQUE DE PASSAGEIROS TRAZIDOS DO AEROPORTO DE GUARULHOS.
MEIO DESORIENTADO, UM SENHOR PERGUNTOU-ME PELA MELHOR SAÍDA. EU JÁ O OBSERVARA SOZINHO NO DIA DA CHEGADA EM MACEIÓ. DEPOIS O AVISTEI EM ALGUNS PASSEIOS E NA FILA DO CHECK-IN DE RETORNO. RECONHECÊ-LO NORDESTINO PELO SOTAQUE E DESCOBRIR, ENTRE SUBIDAS E DESCIDAS POR ESCADAS ROLANTES DESLIGADAS, QUE ELE ERA MEU VIZINHO DE BAIRRO, DESPERTOU-ME UMA CULPA ESTRANHA PELO 'TARDE DEMAIS'. ISSO TALVEZ POR TÊ-LO NOTADO SILENCIOSO TANTO NA IDA COMO NA VOLTA. TERIA FAMÍLIA, FILHOS? SERIA ALAGOANO? ENCONTRARA-SE COM ALGUM PARENTE POR LÁ? MAS OS PARENTES NÃO COSTUMAM DAR HOSPEDAGEM?
AGORA AO LADO DA AVENIDA CRUZEIRO DO SUL, ENQUANTO EU E DONA VILMA NOS DESPEDÍAMOS DE UMA CARONA FRUSTRADA, O SENHOR SEGUIU SOZINHO E DECIDIDO EM BUSCA DE SEU TÁXI. AQUILO NÃO ME PARECEU PROPÍCIO. UM HOMEM SÓ E SUA BAGAGEM PELA MADRUGADA. OCORREU QUE, APÓS NOS LIVRARMOS DE DOIS SINISTROS QUE OFERECIAM CORRIDA CLANDESTINA, DONA VILMA E EU ACABAMOS RACHANDO O TÁXI COM O PRÓPRIO SENHOR. EM QUESTÃO DE SEGUNDOS, ELE TERIA PARTIDO SEM NÓS.
ESSE AJUSTE DE ACONTECIMENTOS, PORÉM, O DESLIZAR DE UM TÁXI PELAS RUAS DESERTAS, FOI UM RECORTE DE HISTÓRIA. DE REPENTE ESTAMOS DE NOVO EM SÃO PAULO, ABAIXO DE UM CÉU RESQUÍCIO DE CHUVA, SEM TEMPO HÁBIL PARA APRESENTAÇÕES. EU FUI O PRIMEIRO A DESEMBARCAR DO TÁXI E, SEM TER CONHECIDO DIREITO O SENHOR, ENTENDI QUE SUPOSIÇÕES RASAS QUASE NUNCA DÃO CONTA DO UNIVERSO ALHEIO.
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