APRENDI A LAVAR LOUÇA

ENQUANTO A DOR DE DENTE NÃO PASSAVA, LAVEI LOUÇA. ENQUANTO ELA AMEAÇAVA DIMINUIR, LAVEI LOUÇA. ENQUANTO ELA AUMENTAVA, LAVEI LOUÇA.

NESTA SEMANA, ENQUANTO ERA COMIDO PELAS BACTÉRIAS NO CANAL DO MEU SISO,  LAVEI LOUÇA. NESTA SEMANA, ATÉ QUE A MEDICAÇÃO SURTISSE EFEITO, E SOFRENDO A MAIS LONGA DOR DE DENTE DA VIDA, LAVEI LOUÇA.  

EU JAMAIS IMAGINEI QUE LAVAR LOUÇA, ATIVIDADE CASEIRA ESPONTÂNEA, FIZESSE UMA CONEXÃO TÃO ACERTADA COM O CICLO DE UMA INFLAMAÇÃO. DEPOIS ENTENDI: EM MEIO A UMA DAS PIORES DORES EXISTENTES, LAVAR LOUÇA ERA A ÚNICA ATIVIDADE QUE NÃO FAZIA AUMENTAR ESSA DOR; ERA O ÚNICO JEITO DE MANTER UM MUNDO DO LADO DE FORA DESSA DOR; ERA A ÚNICA FORMA, ENFIM, DE TER ALGUMA COISA ALÉM DA DOR. 

NESTA SEMANA APRENDI COMO UMA TORTURA PODE ATIVAR O MECANISMO DE SOBREVIVÊNCIA E DE SONHOS. POR MAIS SIMPLES QUE SEJA O UNIVERSO DA PIA, MINHA VONTADE, ATRAVÉS DELE, FOI AMBICIOSA: RESTABELECER A VIDA SEM DOR, E FAZER, DALI PARA FRENTE, TUDO O QUE AINDA NÃO FIZ.