HÁ POUCO MAIS DE UM ANO UMA COLEGA DO TRABALHO FALECEU. FOI UMA BATALHA CONTRA O CÂNCER QUE NÃO TEVE JEITO. INICIALMENTE ELA FEZ O TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO, RECUPEROU-SE SEM SEQUER PERDER FIO DE CABELO E RETORNOU AO TRABALHO. LOGO EM SEGUIDA PRECISOU DE NOVA LICENÇA, FOI APOSENTADA E DESENVOLVEU DE VEZ A DOENÇA.
NÃO TENDO NUNCA PERDIDO A LUCIDEZ, ÂNGELA SÓ ESTEVE SEDADA NOS ÚLTIMOS MOMENTOS. TINHA CONSCIÊNCIA DE SEU ESTADO E ENFRENTOU A PARTIDA COM UMA MISTURA DE CORAGEM E ACEITAÇÃO. NADA MAIS IMPRECISO DE SE DIZER: ÂNGELA ERA UMA PESSOA DE TEMPERAMENTO E PERSONALIDADE FORTES, ARDIDA MESMO, E SUA POSTURA PERANTE O TÃO TEMIDO CÂNCER, SUPÕE-SE, NÃO PODERIA SER DIFERENTE. ACONTECE QUE NÃO SE PODE ADIVINHAR O SENTIMENTO DO OUTRO COM RELAÇÃO À SUA PRÓPRIA FINITUDE. SABEMOS QUE VAMOS, MAS NÃO QUEREMOS; E TALVEZ UMA ANUNCIAÇÃO QUE SE FAÇA PELA DECADÊNCIA FÍSICA, PAREÇA PERMEADA DE APRENDIZADO. APRENDIZADO PELA DOR REAL DO PACIENTE, PELOS ENJÔOS, PELOS SABORES QUE DEIXA DE SENTIR. APRENDIZADO DAQUELES QUE ACOMPANHAM TUDO E POUCO PODEM FAZER.
ENTÃO A LUTA DIÁRIA VAI TRAZENDO O SEU CANSAÇO, AFUNILANDO OS DIAS, AS VONTADES, A ESPERANÇA. E, MEIO DE FORMA SURPREENDENTE, ORA OU OUTRA TRAZ UM APAZIGUAMENTO. ÀS VEZES CULPA E CONFORMISMO JUNTOS: DE MINHA PARTE, POR TODAS AS VISITAS NÃO FEITAS; PELA MEDICINA, POR TODO O TRATAMENTO POSSÍVEL APLICADO.
ÂNGELA DECLAROU A NÓS, AMIGOS DO TRABALHO, TER PENSADO NAS COISAS QUE PODERIA TER FEITO. ESTAVA CERCADA PELOS DOIS FILHOS E O EX-MARIDO, E NOSSAS VISITAS REPRESENTAVAM UM LADO AFETIVO E PRÁTICO DE SUA VIDA: O LUGAR ONDE ELA PERMANECERA SEUS ÚLTIMOS TEMPOS COMO TRABALHADORA. E TRABALHAR SIGNIFICAVA PRODUZIR, TER SAÚDE, OCUPAR O MUNDO.
EM UMA DE SUAS ÚLTIMAS CONVERSAS CONOSCO, UM SENTIMENTO DE MÃE REVELADO; AO OUVIR DE SEU FILHO MAIS NOVO QUE, SEGUNDO O MÉDICO, MÃEZINHA, DAQUELA INTERNAÇÃO ELA NÃO MAIS RETORNARIA PARA CASA, ÂNGELA DISSE QUE SENTIU PENA DO RAPAZ. LEMBRO DOS VERSOS DE UMA VELHA CANÇÃO: "(...) MEU FILHO, DEUS QUE LHE PROTEJA, E ONDE QUER QUE ESTEJA EU REZO POR VOCÊ ...' E PENSO NA DOR DO NÃO MAIS PODER, EM QUEM PROTEGE QUEM, POR ONDE DE VERDADE TEREMOS QUE CAMINHAR.
ATRAVESSANDO OS CORREDORES DO HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS DE VOLTA PARA CASA, DEIXAMOS SÔNIA NO QUARTO PARA OUTRA VEZ PERNOITAR COM ÂNGELA.
SÔNIA, UMA DAS AMIGAS DO TRABALHO QUE MAIS TEMPO DEDICOU A ESTAR COM ÂNGELA. NA SAÍDA, CELSO, JOSUÉ E EU, MOTORISTA E CARONISTAS, DIVIDINDO O VALOR DO ESTACIONAMENTO, PARECÍAMOS ENTRETIDOS NUMA PARTICULARIDADE DO DIA A DIA. NO HOSPITAL, O SILÊNCIO E A LIMPEZA DOS PISOS; LÁ FORA, OS PRÉDIOS E O TRÂNSITO DE UMA CIDADE SEM FIM. DECIDIR QUEM PAGAVA QUANTO PELO ESTACIONAMENTO, SEM QUE PERCEBÊSSEMOS, SIGNIFICAVA ALI UM BRINDE À VIDA.
NÃO TENDO NUNCA PERDIDO A LUCIDEZ, ÂNGELA SÓ ESTEVE SEDADA NOS ÚLTIMOS MOMENTOS. TINHA CONSCIÊNCIA DE SEU ESTADO E ENFRENTOU A PARTIDA COM UMA MISTURA DE CORAGEM E ACEITAÇÃO. NADA MAIS IMPRECISO DE SE DIZER: ÂNGELA ERA UMA PESSOA DE TEMPERAMENTO E PERSONALIDADE FORTES, ARDIDA MESMO, E SUA POSTURA PERANTE O TÃO TEMIDO CÂNCER, SUPÕE-SE, NÃO PODERIA SER DIFERENTE. ACONTECE QUE NÃO SE PODE ADIVINHAR O SENTIMENTO DO OUTRO COM RELAÇÃO À SUA PRÓPRIA FINITUDE. SABEMOS QUE VAMOS, MAS NÃO QUEREMOS; E TALVEZ UMA ANUNCIAÇÃO QUE SE FAÇA PELA DECADÊNCIA FÍSICA, PAREÇA PERMEADA DE APRENDIZADO. APRENDIZADO PELA DOR REAL DO PACIENTE, PELOS ENJÔOS, PELOS SABORES QUE DEIXA DE SENTIR. APRENDIZADO DAQUELES QUE ACOMPANHAM TUDO E POUCO PODEM FAZER.
ENTÃO A LUTA DIÁRIA VAI TRAZENDO O SEU CANSAÇO, AFUNILANDO OS DIAS, AS VONTADES, A ESPERANÇA. E, MEIO DE FORMA SURPREENDENTE, ORA OU OUTRA TRAZ UM APAZIGUAMENTO. ÀS VEZES CULPA E CONFORMISMO JUNTOS: DE MINHA PARTE, POR TODAS AS VISITAS NÃO FEITAS; PELA MEDICINA, POR TODO O TRATAMENTO POSSÍVEL APLICADO.
ÂNGELA DECLAROU A NÓS, AMIGOS DO TRABALHO, TER PENSADO NAS COISAS QUE PODERIA TER FEITO. ESTAVA CERCADA PELOS DOIS FILHOS E O EX-MARIDO, E NOSSAS VISITAS REPRESENTAVAM UM LADO AFETIVO E PRÁTICO DE SUA VIDA: O LUGAR ONDE ELA PERMANECERA SEUS ÚLTIMOS TEMPOS COMO TRABALHADORA. E TRABALHAR SIGNIFICAVA PRODUZIR, TER SAÚDE, OCUPAR O MUNDO.
EM UMA DE SUAS ÚLTIMAS CONVERSAS CONOSCO, UM SENTIMENTO DE MÃE REVELADO; AO OUVIR DE SEU FILHO MAIS NOVO QUE, SEGUNDO O MÉDICO, MÃEZINHA, DAQUELA INTERNAÇÃO ELA NÃO MAIS RETORNARIA PARA CASA, ÂNGELA DISSE QUE SENTIU PENA DO RAPAZ. LEMBRO DOS VERSOS DE UMA VELHA CANÇÃO: "(...) MEU FILHO, DEUS QUE LHE PROTEJA, E ONDE QUER QUE ESTEJA EU REZO POR VOCÊ ...' E PENSO NA DOR DO NÃO MAIS PODER, EM QUEM PROTEGE QUEM, POR ONDE DE VERDADE TEREMOS QUE CAMINHAR.
ATRAVESSANDO OS CORREDORES DO HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS DE VOLTA PARA CASA, DEIXAMOS SÔNIA NO QUARTO PARA OUTRA VEZ PERNOITAR COM ÂNGELA.
SÔNIA, UMA DAS AMIGAS DO TRABALHO QUE MAIS TEMPO DEDICOU A ESTAR COM ÂNGELA. NA SAÍDA, CELSO, JOSUÉ E EU, MOTORISTA E CARONISTAS, DIVIDINDO O VALOR DO ESTACIONAMENTO, PARECÍAMOS ENTRETIDOS NUMA PARTICULARIDADE DO DIA A DIA. NO HOSPITAL, O SILÊNCIO E A LIMPEZA DOS PISOS; LÁ FORA, OS PRÉDIOS E O TRÂNSITO DE UMA CIDADE SEM FIM. DECIDIR QUEM PAGAVA QUANTO PELO ESTACIONAMENTO, SEM QUE PERCEBÊSSEMOS, SIGNIFICAVA ALI UM BRINDE À VIDA.
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