(fonte da foto:http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/06/metroviarios-decidem-manter-greve-em-sao-pauloo.html)
Eu gostaria que esta greve do Metrô e o caos prometido para amanhã servissem para chacoalhar a cidade como um todo.
Estamos em pleno domingo, 08/06/2014, no 4º dia da greve hoje considerada ilegal pelo Tribunal Regional do Trabalho. Mesmo assim o Sindicato dos Metroviários decidiu mantê-la e ainda realizará passeata junto com outros grupos. A paralisação, que na quinta e sexta-feira travou a cidade, talvez amanhã a congele de vez. Às vésperas da abertura da Copa do Mundo em São Paulo, o dia promete.
Não defendo grevistas, governo muito menos, nem desconsidero os transtornos para cidadãos que direta ou indiretamente dependem do Metrô. Não condeno o índice de reajuste requerido pelos metroviários, tampouco as outras reivindicações. Também quero, por ora, ignorar interesses sindicalistas e as meias verdades que permeiam essa greve.
Mas é justamente aqui a desobediência que me está interessando. Já vivi no Brasil governos e políticas o suficiente para entender que nem sempre, ou quase nunca, os anseios da população ou de uma classe trabalhadora são atendidos. A não ser que o 'não atendimento' implique em algum prejuízo político. Isso sempre ocorre às portas das eleições.
Eu não saberia dizer com exatidão o quanto levamos de manipulação, ou má informação, de tudo o que se mostra na imprensa, ainda que "às claras". Agora, convenhamos: desobediência por desobediência, por que não a catraca livre para o usuário do Metrô? Governo não explica, justificou dizendo que daria prejuízo para a receita. Então qual a real prioridade num momento crítico de uma capital que não para? A receita ou o cidadão que paga pelo serviço essencial? Fica difícil aqui, falando em sindicato, grevistas e governo, tomar partido a favor desse ou daquele.
Por outro lado, para quem como trabalhador amargou agora em maio míseros 5% de reajuste, fruto de acordo mal feito entre empresa e sindicato, a minha ânsia seria ao menos ver algum circo pegar fogo. Que não houvesse Metrô amanhã, mas que também explodisse uma revolta tanto maior de todo cidadão que vem sendo prejudicado pelas políticas públicas ou pela ausência conveniente delas.
A greve do Metrô poderia ser o termômetro, de forma mais contundente, da nossa capacidade de fincar um 'não' ao poder. A despeito da Copa, e até por conta dela, uma mácula para se lembrar o quanto transporte, salários e todas as outras coisas são fundamentais ao país.